O inverno começa oficialmente hoje (21) e a diminuição da temperatura deve vir acompanhada de cuidados com a saúde, principalmente de crianças, idosos e pessoas propensas a doenças respiratórias. Segundo o médico alergista, José Carlos Perini, as mudanças bruscas de temperatura que ocorrem ao longo do dia causam um estresse no corpo fragilizando a resistência orgânica.
Presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, Perini explica que muitos hábitos - como fechar os ambientes em casa, no trabalho, no carro e até mesmo no transporte coletivo - acabam atrapalhando a imunidade do organismo. “Esse enclausuramento por causa da temperatura é um fator de risco e facilita a proliferação de vírus pelo ambiente. Quando fazemos isso em casa também ajudamos os ácaros, fungos e mofo a proliferarem mais rapidamente”, disse.
A dica do alergista é fazer circular o ar no ambiente, deixando uma fresta da janela aberta no transporte e em casa durante o dia, e evitar aglomerações. Ele aconselha ainda as pessoas, principalmente os alérgicos, a lavarem as roupas que estão guardadas há certo tempo, antes de usar, porque elas acumulam mofo.
O período frio também vem acompanhado da proliferação de vírus respiratórios, que aumentam manifestações respiratórias, como a gripe, o resfriado e a rinite alérgica, disse Perini, explicando que os pacientes com asma devem ter mais atenção, já que a frio simula a contração do pulmão e pode agravar o problema. “A pessoa que tem doença crônica deve ter o acompanhamento de um médico. No Brasil, apenas 10% a 15% das pessoas que têm asma usam os tratamentos adequados e é absurdo porque já há acesso gratuito a medicamentos”, disse o alergista, destacando que entre 2,5 mil e 3 mil pessoas morrem de asma no Brasil todos os anos.
O especialista alerta para a importância, como medida de prevenção, da vacina contra a gripe oferecida pelo governo para grupos específicos.
Além das baixas temperaturas, algumas regiões também são marcadas pela queda da umidade no ar, um agravante para o organismo, disse Perini, pois as pessoas ficam com dificuldade de respirar. Ele explica que, além de nebulizadores, podem ser utilizadas toalhas molhadas esticadas pela casa para aumentar a umidade do ar. “Bacia, balde ou copo com água são mitos, porque a superfície é reduzida e a água não vai conseguir evaporar”, enfatizou.
O uso de aquecedores em casa também é aconselhado pelo alergista, desde que em uma temperatura confortável, por volta de 21 graus Celsius.
Além do sistema respiratório, a pele também é muito prejudicada com o tempo seco. Ele lembra que banhos quentes removem a hidratação natural da pele.
É importante também tomar muito líquido, comer frutas, legumes e verduras. Segundo Perini, é importante estar atento para a diversidade de cores no prato o que ajuda a aumentar a diversidade de vitaminas protetoras.
O inverno este ano deve ser um pouco mais quente em praticamente todo o país, segundo a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), com até 1 grau Celsius de aumento. Será um período de temperaturas amenas, mas com frio intenso na entrada de massas de origem polar nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e com menos frequência e menos intensos no sul das Regiões Norte e Nordeste.
O Inmet prevê ainda chuvas acima do normal para o período no leste de Mato Grosso e em áreas no norte de Goiás, norte do Pará e Amapá, Rondônia e Rio Grande do Sul. Chuvas abaixo das normais serão verificadas no leste de Goiás, norte e sul de Mato Grosso, oeste do Pará e região central do Amazonas, litoral do Nordeste, Minas Gerais, São Paulo e oeste do Mato Grosso do Sul e noroeste do Paraná. Nesta época do ano, os valores médios das chuvas no Centro-Oeste são muito baixos, entre 10 milímetros (mm) e 30mm de precipitações mensais, exceto no extremo sul de Mato Grosso do Sul que tem médias históricas entre 60mm e 80mm nesses meses.
Segundo o Inmet, outro fenômeno meteorológico comum nessa época do ano são as inversões térmicas que causam nevoeiros e neblinas nas primeiras horas do dia, mas provocam queda da umidade relativa do ar, chegando a registrar valores de até 30% e por vezes abaixo desse valor, na região central do Brasil. O ar seco e o vento calmo favorecem a ausência da chuva, a suspensão de poeira e fumaça e as queimadas.
Fonte: Agência Brasil