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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Vídeos em redes sociais podem causar estresse pós-traumático, diz estudo polêmico

Um estudo publicado por uma pesquisadora da Universidade de Bradford, na Inglaterra, causou polêmica ao sugerir que usuários de redes sociais podem desenvolver sintomas de transtorno de estresse pós-traumático pela exposição a vídeos ou imagens violentas ou chocantes.
A pesquisadora, Pam Ramsden, acompanhou a reação de 189 pessoas expostas a uma série de eventos de conteúdo forte. Ela submeteu essas pessoas a questionários clínicos usados para avaliar ocorrência de estresse pós-traumático e descobriu que mais de um quinto delas teve uma pontuação alta - apesar de não terem presenciado os eventos ao vivo.
O estudo não chegou a diagnosticar os participantes e ainda não passou por revisão de colegas da academia, mas Ramsden afirma que o resultado é claro.
"Se uma pessoa com essa pontuação (alta) nos exames de diagnóstico de estresse pós-traumático procurasse um médico, ela seria facilmente diagnosticada com estresse pós-traumático, porque apresenta os mesmos sintomas", disse ela ao BBC Trending.
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O transtorno pode ser desenvolvido por pessoas que enfrentam eventos traumáticos. É normalmente associado a veteranos de guerra, e virou parte do léxico médico a partir dos anos 80 - embora características típicas do transtorno tenham sido identificadas ao longo da história, até na Antiguidade.
Para que uma pessoa seja diagnosticada com a desordem, os sintomas - que incluem flashbacks, evasão, distúrbios de sono e mudanças de humor - devem persistir por mais de um mês após o evento traumático.

Estresse online?

Para um observador leigo, a ideia de um estresse pós-traumático de segunda mão ou indireto pode parece inverossímil. Como alguém que apenas assistiu aos eventos em uma tela pode ter os mesmo problemas que um veterano de guerra?
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O BBC Trending lançou a discussão em um grupo de mensagens online sobre estresse pós-traumático. Alguns participantes ficaram ofendidos com a sugestão de que o transtorno poderia ser causado por vídeos assistidos online.
Mas para Walter Busuttil, da Combat Stress, instituição de caridade voltada para doenças psiquiátricas em veteranos de guerra, o estresse pós-traumático indireto é um fenômeno reconhecido.

"Há um nível de complacência que pode ser muito alto em alguns e muito baixo em outros, e redes sociais podem de fato afetar pessoas particularmente vulneráveis", diz.
"Sempre digo a meus pacientes que não é uma competição. Não dizemos que uma pessoa tem um problema mais grave que outra."
"Esse estudo não está dizendo que as pessoas desenvolvem estresse pós-traumático. Diz que podemos detectar alguns sintomas que são semelhantes aos do estresse pós-traumático."
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O DSM-5, o principal manual de diagnóstico da Associação de Psiquiatria Americana, inclui a classificação de estresse pós-traumático para trabalhadores - como policiais e jornalistas - que podem ser constantemente expostos a vídeos online por causa de seu trabalho.
Grandes organizações jornalísticas - entre elas a BBC - alertam seus jornalistas regularmente sobre os efeitos de assistir repetidamente imagens violentas ou chocantes, e avisam os espectadores sobre conteúdo com imagens fortes.
Mas usuários de internet não têm a mesma proteção. Ramsden fez diversos estudos na área e admite que o novo estudo chegou a descobertas controversas.
Mas ela diz que a proporção dos participantes da pesquisa que sofreram de estresse após ver imagens fortes permaneceu consistente, e destaca que falta às redes sociais o mesmo contexto dado pelas emissoras tradicionais.
"Na TV e até no rádio você recebe um aviso: 'Esta história pode ser chocante.' Não há esse tipo de aviso nas redes sociais", diz. "Agora, tudo está no YouTube, e as coisas que a gente não necessariamente escolheu são vistas milhares de vezes - acidentes de carros, esse tipo de coisas perturbadoras."
"Não há como censurar essas coisas, e eu sou contra a censura. O que estou dizendo é que as pessoas precisam saber que essas imagens podem causar distúrbios ou se somar ao estresse comum da vida", disse.
"Da mesma forma que, se você comer fast food o tempo todo, isso será ruim para sua saúde, se você ver imagens violentas o tempo todo, acredito que pode ter um impacto significativo na nossa saúde mental", completa.
Um fator de risco chave que pode disparar sintomas de estresse pós-traumático é assistir ao conteúdo repetidas vezes. Ou seja, pessoas que esbarram sem querer em conteúdo violento dificilmente desenvolverão problemas a longo prazo. E há terapias muito boas para tratar estresse pós-traumático mesmo muito tempo depois de os eventos traumáticos terem ocorrido, de acordo com Busuttil.
A conclusão, segundo especialistas, é que, se você tem ou acha que pode ter sintomas de estresse pós-traumático, você deve procurar ajuda profissional.
Fonte: BBC Brasil

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