Segundo Organização Mundial da Saúde, foram registrados 198 milhões de casos de malária e 584 mil mortes em 2013
A primeira vacina contra a malária recebeu luz verde na Europa, derrubando um dos últimos obstáculos para o tão esperado tratamento que pode salvar a vida de milhões de pessoas em todo o mundo.
A Agência de Medicamentos Europeia divulgou nesta sexta-feira (24) um parecer científico positivo depois de analisar o remédio Mosquirix, desenvolvido pela empresa farmacêutica britânica GlaxoSmithKline.
Agora, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vai estudar se é seguro recomendar seu uso em crianças – as mais afetadas pela doença, que é transmitida por um mosquito.
A vacina contra a malária vem sendo desenvolvida há 30 anos e essa posição de especialistas europeus foi recebida com entusiasmo, apesar do fato de alguns testes terem tido resultados contraditórios.
Veja abaixo dez fatos e estatísticas que podem ajudar a traçar um mapa da malária no mundo – e os desafios econômicos e médicos do combate a essa doença.
1- Em todo o mundo, cerca de 3,3 bilhões de pessoas correm o risco de pegar a doença. Desse total, um terço estaria em alto risco pois vivem em países que registram mais de um caso de malária por 1.000 habitantes anualmente.
2- Foram registrados 198 milhões de casos de malária e 584 mil mortes em 2013, segundo estatísticas analisadas pela Organização Mundial da Saúde. Mas é difícil compilar estatísticas, porque muitos casos não são reportados ou diagnosticados. A OMS estima que as infecções cheguem a 283 milhões e as mortes a 775 mil. No Brasil, foram registrados pouco mais de 179 mil casos de malária em 2013 e 41 mortes, sendo o país com maior incidência nas Américas.
3- Incidência de casos de malária – ou seja, o número de casos que aparecem anualmente em populações de risco – caíram 30% globalmente nos últimos 15 anos, enquanto os índices de mortalidade também caíram 47%. Em outras palavras: o número de pessoas morrendo por malária representa hoje a metade do que era registrado no começo do século.
4- Há uma ligação bem documentada entre a malária e pobreza: as maiores taxas estão concentradas em países onde a renda é mais baixa – especialmente nas áreas mais pobres e marginalizadas desses países. Entre as 10 causas de morte em países onde a renda é mais baixa, a malária figura em 6º lugar. Em países onde mais de 75% da população tem renda inferior a U$ 2 por dia (a maioria na África), a malária é um problema massivo no sistema de saúde.
5- O problema é a África, mas não apenas a África: 106 países hoje registram casos de transmissão da doença , conforme medição da OMS. A organização os classifica em quatro categorias, de acordo com o progresso em reduzir o número de casos de mortalidade. Elas são: estágio de controle para países com maior risco, pré-eliminação, eliminação e prevenção. Segundo um relatório divulgado no ano passado pela OMS, o Brasil está no estágio de controle, ou seja, tem grande risco. Mesmo assim, de acordo com a organização, o país está no caminho para reduzir em 75% a incidência até o final deste ano, em comparação com 2000.
6- Apesar da picada do mosquito Anopheles infectado ser o maior fator de infecção, cinco diferentes espécies de parasita podem causar a malária em humanos – e o mais mortífero é o protozoárioPlasmodium falciparum. Agora o tratamento mais difundido é uma droga baseada em artemisinina. Mas pesquisas recentes revelam que o Plasmodium falciparum ficou resistente à droga – especialmente em algumas áreas de países como Camboja, Laos, Myanmar, Tailândia e Vietnã.
7- Dedetização interna – um método de controle adotado em países onde a malária é endêmica, que consiste em usar inseticida nas casas para matar os mosquitos – tem caído nos últimos anos. Apenas 4% da população global em risco tinha acesso a esse método em 2013 (em 2005 eram 5%). Alguns dos países que usam a técnica afirmaram que os mosquitos estão adquirindo resistência ao veneno.
8- OFINANCIAMENTO de programas para erradicar a malária é muito mais baixo do que deveria ser, de acordo com especialistas. Em 2013, ele correspondeu à metade do que seria necessário para atingir alvos estabelecidos por órgãos internacionais. Dever-se-iaINVESTIR ao menos US$ 2,4 bilhões a mais, segundo a OMS.
9- Mas nem todo o cenário global é desencorajador e alguns números mostram um progresso real: o financiamento para prevenção e tratamento na região da África subiu 20% nos últimos 10 anos. O uso de mosquiteiros também cresceu substancialmente: na África subsaariana, 44% da população em risco usam esse tipo de proteção. Há 10 anos, o índice era de 2%. Também houve melhora nos testes de pacientes com suspeita de malária (o que é essencial para o tratamento precoce) usando kits de diagnóstico rápido.
10- Enquanto a vacina estava em desenvolvimento, a infecção entre crianças com idades entre 2 e 10 anos caiu drasticamente para a metade do que era registrado no ano 2000. E o que é mais importante: a taxa de mortalidade média da malária está em seu ponto mais baixo: caiu 47% globalmente em 2013 – e 54% na região da África. Se essas taxas de queda se sustentarem, no final do ano a taxa de mortalidade pode chegar a menos da metade do registrado no início do século.
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